sexta-feira, 23 de outubro de 2009

NOSSOS PIONEIROS

BARTOLOMEU DE GUSMÃO

Bartolomeu Lourenço de Gusmão, por Benedito Calixto


Bartholomeu Lourenço de Gusmão, SJ (Santos, 1685 — Toledo, 18 de novembro de 1724) foi um sacerdote secular, cientista e inventor luso-brasileiro,[1][2] famoso por ter inventado o primeiro aeróstato operacional. Como tal, é uma das maiores figuras da história da aeronáutica mundial.


 Primeiros anos

Bartolomeu Lourenço de Gusmão, nascido simplesmente como “Bertholameu”, foi batizado em 19 de Dezembro de 1685 na Igreja Paroquial da vila de Santos pelo padre Antônio Correia Peres. Era o quarto filho de Francisco Lourenço e Maria Álvares.

O casal teria ao todo doze descendentes, seis homens e seis mulheres, um dos quais, Alexandre de Gusmão, viria a tornar-se importante diplomata do reinado de D. João V. Já a maioria dos outros membros da irmandade optou ou foi orientada pelos pais a devotar-se à vida eclesiástica, dentre esses, Bartolomeu.

O menino cursou as primeiras letras provavelmente na própria Capitania de São Vicente, no Colégio São Miguel, então o único estabelecimento educacional da região. Prosseguiu os estudos na Capitania da Bahia. Aí ingressou no Seminário de Belém, em Cachoeira, onde teria início a sua profícua carreira de inventor.

A edificação, situada sobre um monte de 100 metros de altura, possuía precário abastecimento de água, que tinha que ser captada e transportada em vasos a partir de um brejo subjacente. Percebendo o problema, Bartolomeu inteligentemente planejou e construiu um maquinismo para levar a água do brejo até o seminário por meio de um cano longo. O invento, testado com absoluto sucesso, foi considerado admirável e de grande utilidade por todos os integrantes do estabelecimento, inclusive pelo próprio reitor e fundador do seminário, o renomado sacerdote Alexandre de Gusmão.

Terminado o curso no Seminário de Belém em 1699, Bartolomeu transferiu-se para Salvador, a capital do Brasil à época, e ingressou na Companhia de Jesus, de onde saiu antes de se formar jesuíta, em 1701. Viajou para Portugal, onde chegou já famoso pela memória extraordinária, ficando hospedado em Lisboa, na casa do 3º Marquês de Fontes, que se impressionara com os dotes intelectuais do jovem. Contava ele então apenas 16 anos.

Em 1702 Bartolomeu retornou ao Brasil e deu início ao processo de sua ordenação sacerdotal. Três anos depois ele pediu patente à Câmara da Bahia para o seu aparelho de anos atrás, o “invento para fazer subir água a toda a distância e altura que se quiser levar”, expedida em 23 de março de 1707 pelo rei Dom João V. Foi essa a primeira patente de invenção outorgada a um brasileiro.

Em 1708, já ordenado padre, Bartolomeu embarcou mais uma vez para Portugal, onde ao chegar tratou logo de matricular-se na Faculdade de Cânones da Universidade de Coimbra, o que fez em 1º de Dezembro; passados alguns meses, contudo, abandonou a faculdade para ir instalar-se em Lisboa, aonde foi recebido com sumo agrado pelo Rei Dom João V e pela Rainha Maria Ana de Áustria, apresentado que fora aos soberanos por um dos maiores fidalgos da Corte, D. Rodrigo Anes de Sá Almeida e Menezes. Esse homem era ninguém menos que o 3º Marquês de Fontes, o mesmo que o havia recolhido à sua casa quando de sua primeira estada em Portugal.

Na capital portuguesa o padre Bartolomeu Lourenço pediu patente para um “instrumento para se andar pelo ar” – que se revelaria ser, mais tarde, o que hoje se conhece por “aeróstato” ou “balão” –, concedida no dia 19 de Abril de 1709. O fato casou celeuma na cidade e a notícia rapidamente se espalhou para alguns reinos europeus, que deram a devida publicidade. O invento, divulgado por meia Europa em estampas fantasiosas que em geral o retratavam como uma barca com formato de pássaro, ficou conhecido como “Passarola”.

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